O percentual de mulheres concorrendo ao cargo de deputada federal quase não se alterou em relação às últimas eleições. Os números ficam um pouco acima do mínimo de 30% de candidatos de cada sexo para cargos proporcionais, como exigido pela Lei das Eleições (9.504/97). Entre os estados, apresentam o maior número de candidatas a deputada federal: Mato Grosso (34,1%), Acre (33,7%) e Maranhão (33,5%). Os com menos mulheres são Roraima (28,8%), Amazonas (29,5%) e Paraná (30,5%).
Neste ano, há 2.603 candidatas a deputada federal, ou 31,64% do total. Já em 2014, houve 2.271 candidatas, 31,82% do total de 7.137 postulantes. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O aumento absoluto no número de candidatas, 332 mulheres a mais, não alterou a proporção entre mulheres e homens nas candidaturas.
Por partido – Os números, no entanto, variam de acordo com o partido. A legenda com a maior proporção de mulheres disputando vaga de deputada federal é o PMB, com 40% de candidatas mulheres. Em seguida vêm PSTU (39,5%) e PCdoB (37,3%).
Em números absolutos, os partidos com o maior número de candidatas a deputada são Psol (177 candidatas), PSL (140) e PT (130). Já os partidos com menos proporção de mulheres candidatas são PP (25,3%), PMN (27,2%) e PCB (27,8%). Os ministros do TSE têm decidido que os partidos com percentual abaixo do mínimo precisam reduzir as candidaturas de homens para chegar aos 30%.
Mais espaço – As deputadas Jô Moraes (PCdoB-MG) e Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) apontam que a estrutura partidária precisa garantir mais espaço para as mulheres para a participação política ser efetiva.
Segundo Moraes, é preciso “feminilizar” as estruturas partidárias, com a presença feminina obrigatória nas estruturas de decisão. “Ainda não há espaços reais de preparação, de qualificação das mulheres na vida permanente dos partidos políticos”, disse.
A deputada mineira afirmou que a decisão do TSE de repassar 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para candidaturas de mulheres não repercutiu em mais candidatas. De acordo com o Orçamento da União previsto para este ano, o fundo terá R$ 1,7 bilhão para financiar as campanhas.
Professora Dorinha Seabra afirmou que as mulheres precisam fazer uma “força sobre-humana” para conseguir se candidatar. “A maioria dos partidos são presididos e controlados por homens. As mulheres são guerreiras para trabalhar na campanha, mas muitas vezes não são lembradas na hora de ocupar chefia”, declarou.
Para Jolúzia Batista, integrante do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), as mulheres começaram a se organizar em mandatos coletivos, o que é uma boa estratégia para tentar minar o sistema político por dentro. “Precisamos é que as mulheres façam a crítica e lutem por esse direito [de participação política]. É uma mudança de cultura política que estamos enfrentando.”
A integrante do Cfemea espera que as sanções judiciais mais severas ajudem a reduzir nestas eleições o número de “candidatas laranja”, aquelas entram nas eleições somente para completar a quota exigida em lei.
Perfil – A maioria das candidatas a deputada federal (49,6%) têm nível superior completo, enquanto 11% não chegaram a terminar a faculdade.
A maioria das candidatas a deputada está na faixa de 40 a 59 anos: são 56,4%. As mulheres são mais jovens que os homens: 7,5% das candidatas têm até 29 anos, contra 3,8% dos homens; 22,2% têm entre 30 e 39 anos, em comparação com 16,8% dos homens. As candidatas mulheres com 60 anos ou mais são 13,9% do total, enquanto os homens chegam a 18,9%.
Outra diferença entre candidatos homens e mulheres é o estado civil. Há mais candidatas mulheres solteiras, divorciadas ou viúvas do que os homens.
Quase 60% dos candidatos homens são casados, contra apenas 41,1% das mulheres. As candidatas solteiras são 39,1%, contra 27,1% dos homens; divorciadas são 15,1%, diante de 10,5% de divorciados; viúvas são 3,5%, contra 0,8% de viúvos.