Detentor de três prêmios Jabuti, o escritor e historiador Joel Rufino dos Santos era um nome de referência em cultura afro-brasileira. O pensador enveredou também pela dramaturgia ao longo de sua prolífica carreira. Levam sua assinatura três peças teatrais e duas minisséries para a TV. O historiador morreu, aos 73 anos, em decorrência das complicações de uma cirurgia cardíaca realizada no dia 1º de setembro. O corpo de Joel Rufino foi cremado ontem (sexta-feira) em cerimônia reservada a parentes.
Autor de mais de 50 livros de ficção e não-ficção, Rufino escrevia para adultos, jovens e crianças, ganhou alguns prêmios por sua literatura e foi indicado mais de uma vez ao Prêmio Hans Christian Andersen, o nobel da literatura infantil.
Desde fevereiro, Rufino trabalhava no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) como diretor-geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento. Na sua gestão, foram realizadas iniciativas inovadoras, como a dramatização do desenforcamento de Tiradentes e um baile charme no próprio tribunal.
Nascido em Cascadura, zona norte, ele era filho de pernambucanos. Cursou História na antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, onde começou a sua carreira de professor. Foi um dos co-autores da História Nova do Brasil, um marco da historiografia brasileira. Durante a ditadura militar, exilou-se na Bolívia e depois no Chile. Voltou ainda na ditadura clandestino e foi preso três vezes. As cartas que escreveu na prisão foram transformadas no livro Quando eu voltei, tive uma surpresa, em 2000.
O ativismo de Rufino no movimento negro foi lembrado pelo Secretario Municipal de Cultura e Igualdade Racial, Augusto Serra. “O papel que ele exerceu, tanto do ponto de vista intelectual como político, nos últimos trinta anos, foi muito importante. Construiu novos instrumentos para trabalhar as culturas afro-brasileiras, e marcou sua vida política contra o racismo, apresentando novos estudos, mas também trazendo à tona temas do nosso interesse, acima de tudo, ele era um ativista das causas humanas, fará muita falta na nossa vida”. Comentou.
ASCOM-AUGUSTO SERRA