Uma combinação de crise na gestão da saúde no território ianomâmi e o aumento do garimpo ilegal nas terras indígenas levou à tragédia sanitária revelada nesta semana entre os povos dessa etnia, aponta especialistas.
O Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública em decorrência da desasisstência do povo ianomâmi. Os indígenas da região enfrentam uma grave crise de desnutrição e falta de acesso à saúde. De acordo com o ministério dos Povos Indígenas, pelo menos 570 crianças ianomâmis morreram de fome e por contaminação com mercúrio nos últimos quatro anos, principalmente devido à atuação de garimpeiros ilegais.
Os cuidados com a saúde desses indígenas são feitos por meio de postos com infraestrutura razoável, mas o modelo depende de uma equipe qualificada que vá às aldeias. É nessas visitas que se observa o quadro de saúde das pessoas, vacina as crianças, dá remédio contra vermes, busca sintomas de malária, coleta sangue, coibindo, assim, situações mais complexas quando, então, é preciso remover o paciente aos hospitais da capital — considerando a dificuldade de transporte e grandes distâncias. “Nos últimos anos, por incompetência ou má intenção, foram indicadas pessoas sem nenhuma experiencia em gestão de saúde pública e começou a haver uma precarização da infraestrutura, com redução da equipe de atendimento e consequente diminuição das visitas, e de medicamentos. Situações que eram tratáveis começam a passar a situações complexas, uma criança com uma gripe, vira pneumonia, sem remédios para tratar”, explica o pesquisador do Instituto Socioambiental Estêvão Benfica Senra.