O mestre de obras Gabriel Afonso de Araújo, de 38 anos, que passou 21 dias por engano, percorreu 18 quilômetros entre Goiânia e Trindade, na Região Metropolitana da capital, para agradecer ao Divino Pai Eterno por ter sido colocado em liberdade. Ele demorou 4h para fazer o percurso, realizado em jejum e em silêncio até chegar ao Santuário Basílica.
Ao chegar no templo, Gabriel foi recepcionado pelo pai e pelas filhas. Acompanhado de uma das filhas, o mestre de obras subiu as escadas do santuário de joelhos e, após poucos passos dentro da capela, voltaram a se ajoelhar. “A sensação é de felicidade, de liberdade. Não tem nada que pague isto”, comemorou o mestre de obras.
Gabriel ficou preso na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital e solto na última terça-feira. Isso porque uma pessoa está usando os documentos dele, que foram roubados em 1999, para cometer crimes. Ele afirma que só vai ficar tranquilo quando conseguir mudar de sobrenome.
“Eu vou aumentar meu nome, colocando o sobrenome da minha esposa, para me ver livre desses processos. Então terei que entrar com uma ação na Justiça para fazer essa mudança”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.
A esposa dele, Elisa Bueno Ferreira, afirma que a promessa de ir à pé a Trindade foi feita enquanto ele estava preso. “Ele fez a intenção lá mesmo dentro do presídio. Foi o Divino Pai Eterno que nos deu força, tanto para ele lá dentro, como para nós aqui de fora”, contou.
O drama de Gabriel começou em 2009, quando ele foi detido em uma blitz, em Goiânia, por ter um mandado de prisão em aberto por roubo, e foi encaminhado para o 23º Distrito Policial da capital. Na ocasião, o delegado que investigava o caso constatou que o nome da ocorrência era o dele, mas a foto não. Sendo assim, ele foi liberado.
Os anos passaram, mas os problemas do mestre de obra continuaram. No último dia 13 de setembro, ele voltou a ser preso em uma blitz policial. Desta vez, foi encaminhado para a CPP de Aparecida de Goiânia, onde passou 21 dias até que a Justiça de Minas Gerais, que expediu o mandado de prisão, reconhecesse que houve um erro e que o alvo não era o homem.
Durante os dias em que o mestre de obras permaneceu preso, a mulher dele, Elisa Bueno Pereira, reuniu provas que confirmavam que o marido não é o autor dos crimes, entre elas, o registro de um hospital que comprova que Gabriel estava internado na época de um dos roubos atribuídos a ele.
Além disso, um dos mandados de prisão contra o mestre de obras tinha um número a mais no Registro Geral (RG) que ele usa. Em outro, no local do nome da mãe, estão escritos dois nomes de mulheres diferentes, sendo que um é da mãe de Gabriel.
O advogado do mestre de obras, Luiz Beltrão, explicou que um suspeito, que já foi condenado a 6 anos e 5 meses por roubo, estava usando os documentos da vítima para cometer crimes.
Do G1/Goiás